Em processo civil, júri determina que ex-presidente pague US$ 5 milhões à escritora E. Jean Carroll, mas rejeita acusação de agressão sexual.
Um júri de um tribunal de Nova York considerou nesta terça-feira (09/05) o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, responsável por abuso sexual e difamação contra a escritora E. Jean Carroll.
Ele foi condenado a pagar 5 milhões de dólares em indenização e multas no processo civil. No entanto, o júri rejeitou a alegação de Carroll de que Trump a agrediu sexualmente em 1996.
Carroll acusou Trump de estuprá-la em um provador de uma loja de departamentos de Nova York em meados da década de 1990, e também de difamá-la quando ela decidiu tornar pública a denúncia em um livro que publicou em 2019.
Durante o julgamento de duas semanas, Carroll testemunhou que Trump a havia agredido sexualmente em uma loja de luxo em Manhattan e disse que ele prejudicou sua reputação ao escrever em uma postagem em sua plataforma Truth Social em 2022 que as alegações delas eram uma "vigarice completa", "uma farsa" e "uma mentira".
O júri teve que decidir se Trump era responsável (termo usado em casos civis) por estupro, abuso sexual ou toques indevidos, e o júri escolheu a segunda possibilidade, além de considerá-lo responsável por difamação.
O júri também decidiu que Trump deve indenizar Carroll em cerca de 5 milhões de dólares, dos quais 2 milhões de dólares são pelos "danos" causados por Trump nessa agressão sexual e 2,7 milhões de dólares para o que se refere à reputação.
"Muito felizes"
"Estamos muito felizes", disse o advogado de Carroll, Robert Kaplan. A própria Carroll não falou com os repórteres, mas deixou o tribunal sorrindo.
Trump insistiu que não agrediu Carroll e sequer a conhecia. Ele não compareceu ao julgamento.
O ex-presidente, que busca concorrer à Casa Branca em 2024, disse que o veredicto foi uma "desgraça" e novamente afirmou que o julgamento faz parte de uma "caça às bruxas" política contra ele.
Trump já havia citado o julgamento em e-mails de arrecadação de fundos de campanha como prova do que ele descreve como uma tentativa democrata de destruí-lo politicamente.
Em março, ele foi indiciado por pagamentos clandestinos a uma estrela de cinema pornô realizados antes de sua vitória nas eleições presidenciais de 2016, se tornando o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a virar réu em processo criminal.
As acusações
Carroll, de 79 anos, disse que Trump a estuprou na loja de departamentos Bergdorf Goodman há quase 30 anos, época em que trabalhava como redatora da revista Elle.
Ela disse que Trump pediu ajuda para escolher um presente para uma mulher. Eles supostamente acabaram em uma cabine para experimentar roupas depois terem andado pela loja e bater papo. Foi no provador da loja que, segundo Carroll, Trump a empurrou contra a parede e a estuprou. Ela disse que conseguiu fugir depois de alguns minutos.
"Estou aqui porque Donald Trump me estuprou e, quando escrevi sobre isso, ele disse que não aconteceu. Ele mentiu e destruiu minha reputação, e estou aqui para tentar recuperar minha vida", disse Carroll em seu testemunho no julgamento.
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DW Brasil/md (AP, Reuters, EFE)