Militares que participam da fiscalização do sistema eletrônico de votação veem como insuficientes as mudanças implementadas até agora pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para ampliar a transparência e a confiança nas urnas eletrônicas, escreveu o jornal O Estado de S. Paulo, neste sábado (13).
Por isso, segundo a publicação, as Forças Armadas tentam convencer a corte a adotar uma forma de teste considerada "fundamental" por militares para assegurar a segurança e o funcionamento dos equipamentos.
O próximo presidente do TSE é Alexandre de Moraes, que toma posse na próxima terça-feira (16).
De acordo com o jornal, a preocupação da Defesa é com o "teste de integridade", que consiste em uma votação simulada, realizada pela Justiça Eleitoral desde 2002. O teste é uma forma de se certificar que as urnas contam corretamente os votos digitados.
Nunca houve divergências, mas os militares propuseram mudanças no processo, aponta o Estadão.
No modelo atual, a testagem ocorre no dia da votação, nos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), para onde urnas sorteadas na véspera do pleito são levadas, indica o jornal. No simulado, servidores digitam os votos e os registram em cédulas de papel. Ao fim, a contagem da urna é comparada com a das cédulas.
Funcionários do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) realizam teste de lacração das urnas eletrônicas enviadas para votação no exterior, em Brasília, 19 de setembro de 2018 / © Folhapress / Pedro Ladeira |
Todo o procedimento é filmado e transmitido ao vivo na internet. Segundo o jornal, fiscais podem acompanhar os testes e não há envolvimento de eleitores.
O que os militares propõem?
Os militares, no entanto, acham que a votação em papel paralela deve ocorrer em condições reais. Por isso, propuseram que o teste de integridade seja realizado na própria seção eleitoral.
Para isso, será necessário apenas usar uma segunda urna nos testes e convocar eleitores para participar. O jornal aponta que, na visão dos militares, isso garantiria o ritmo real de votação.
Depois de votarem na cabine oficial, os participantes destravariam a urna-teste com a própria biometria e seriam dispensados. A partir daí, servidores da Justiça procederiam à votação paralela como fazem hoje.
TSE contesta
Técnicos do TSE, no entanto, contestam a proposta da Defesa, diz o Estadão. Eles afirmam que o modelo proposto pelos militares pode gerar "confusão".
Programadores da Corte lembram que o ambiente da seção eleitoral é mais tumultuado, sujeito a interferências, para receber um exame tão preciso.
Segundo o Estadão, ministros do Planalto estão mobilizados nos bastidores para restabelecer pontes com Moraes e convencê-lo a ouvir os militares.
O jornal aponta que a aproximação seria uma forma de baixar a temperatura antes dos atos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro para o dia 7 de setembro.
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Por Sputniknews Brasil.