Desde 2023 o estado registra crescimento no número de casos de dengue, que atingiu 11.490 nas primeiras semanas do ano
O governo de Minas Gerais decretou emergência no estado em razão da nova onda de casos de dengue e chikungunya registrada nas primeiras semanas deste ano. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira (26) e já está em vigência. Segundo o texto do decreto, a medida foi aplicada em função do impacto econômico e social historicamente relacionado à dengue, que pode ser potencializado durante uma epidemia simultânea de chikungunya.
Também foi citado o aumento significativo de casos e óbitos de dengue e chikungunya em Minas Gerais no ano passado. Segundo dados do Ministério da Saúde, foram registrados, em 2023, 408.395 casos prováveis de dengue e 12.890 de chikungunya. As doenças também mataram, respectivamente, 197 e 45 pessoas, durante o mesmo período.
Em 2024, já foram confirmados 21.573 casos de dengue e 5.867 de chikungunya. Ainda segundo o decreto assinado pelo governador Romeu Zema (Novo), o aumento nas solicitações de internação do estado, especialmente em razão dos casos graves de dengue com complicações, também foram considerados para o decreto.
“Fica autorizada, em razão da emergência, a adoção de todas as medidas administrativas e assistenciais necessárias à contenção do aumento da incidência de casos de Arboviroses, em especial a aquisição pública de insumos e materiais, doação e cessão de equipamentos e bens e a contratação de serviços estritamente necessários ao atendimento da situação emergencial”, diz o texto.
Acre e DF também decretaram emergência
Nesta quinta-feira (25), o governo do Distrito Federal também publicou no Diário Oficial um decreto anunciando emergência. No documento, são citados motivos similares aos do governo mineiro, especialmente o aumento no número de casos.
Do dia 1° ao 20 de janeiro, foram registrados 16.079 casos prováveis no DF. O número é quase 650% maior do que o observado durante o mesmo período em 2023.
No Acre, a emergência foi decretada com ainda mais antecedência, no dia 5 de janeiro. O crescimento das arboviroses no estado causou superlotação de unidades de saúde, com centenas de atendimentos por dengue, zika e chikungunya sendo realizados diariamente.
Aumento de casos está relacionado a aquecimento global e El Niño
Segundo o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eder Gatti Fernandes, a disparada das arboviroses desde 2023 tem sido impulsionada pelo aquecimento global e pelo El Niño.
O El Niño é um fenômeno climático que promove uma elevação da temperatura nas Américas e nas proximidades do Oceano Pacífico. O clima mais quente acaba por facilitar a proliferação dos mosquitos Aedes aegypti, sendo os vetores da dengue, chikungunya e zika.
“Certamente contribuiu para esse momento de alta incidência da dengue pelo fato do impacto dessas mudanças climáticas nas arboviroses”, afirmou Fernandes.
O diretor também acrescentou que modelos matemáticos já indicavam a possibilidade de crescimento agora, à semelhança do que ocorreu em 2015 e 2016, quando o El Niño também influenciou em uma alta de casos da doença no país. No ano passado, foram mais de 1,6 milhão de casos em todo o país.
Ainda não há previsão para vacinação
A primeira remessa das vacinas contra a dengue, que serão aplicadas via Sistema Único de Saúde (SUS), chegou ao Brasil no último sábado (20). Conforme o Ministério da Saúde, o lote conta com cerca de 720 mil doses, mas ainda não há previsão para o início da vacinação.
O primeiro público imunizado será o de crianças com 10 a 14 anos, faixa que concentra o maior número de hospitalizações depois dos idosos, que ainda não tiveram a vacina liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
-
Por CNN Brasil.