Presidente russo diz que suspenderá fornecimento caso Ocidente estabeleça um teto no valor dos combustíveis. Ele também afirma que sanções ocidentais fracassaram e que é "impossível" isolar seu país.
O presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou nesta quarta-feira (07/09) cortar o fornecimento de petróleo e gás aos europeus caso os preços dos combustíveis sejam limitados.
Falando no 7º Fórum Econômico Oriental, realizado em Vladivostok, no extremo leste da Rússia, ele disse que seu país cumprirá contratos, mas "não fornecerá nada se isso se opuser a nossos interesses", acrescentando: "Não forneceremos gás, petróleo, carvão, óleo de aquecimento – não forneceremos nada".
A declaração foi feita em referência a propostas do G7 e da União Europeia (UE) de estabelecer um preço máximo ao petróleo e gás russos. Os aliados ocidentais cogitam a possibilidade de permitir o transporte do petróleo russo e seus derivados globalmente apenas se estes forem vendidos abaixo de um teto, algo que Moscou rejeita.
A proposta visa cortar o financiamento da invasão russa à Ucrânia, uma vez que a União Europeia adquiriu 54% de todos os combustíveis fósseis exportados pela Rússia desde o fim de fevereiro, pelo pagamento de 85,1 bilhões de dólares (R$ 444,4 bilhões).
Embora não existam números oficiais disponíveis, a estimativa é que o regime em Moscou gastou 20% a mais que esse valor para financiar a guerra na Ucrânia. Por isso, os líderes ocidentais consideram que cortar a receita pela exportação de combustíveis é "crucial" para parar a máquina de guerra russa.
Putin também criticou duramente as sanções impostas pelo Ocidente e, ao mesmo tempo, declarou que elas fracassaram e que são "um perigo para o mundo inteiro".
Isolar a Rússia é "impossível"
Segundo o presidente russo, após a pandemia de covid-19, novas dificuldades surgiram: "Refiro-me à febre das sanções do Ocidente, suas tentativas agressivas de impor um modelo de comportamento a outros países, de roubá-los de sua soberania e submetê-los à sua própria vontade". Putin disse que essas tentativas foram em vão, porque o mundo está cada vez mais orientado para a Ásia.
Ele disse também que a economia russa continua firme, apesar das sanções, e que é "impossível" isolar seu país internacionalmente. "Não importa o quanto alguns queiram isolar a Rússia, é impossível fazê-lo", frisou.
Ele disse que a demanda global por suprimentos de energia russos continua alta e que a Rússia não terá problemas para encontrar compradores em todo o mundo. Segundo o governante, Moscou já lançou as bases para a venda de gás à China através da Mongólia.
Ao mesmo tempo, o líder russo admitiu que há dificuldades em alguns setores e regiões de seu país. "As empresas que dependem de suprimentos da Europa estão com dificuldades", sublinhou Putin. Ainda assim, ele ressaltou que a Rússia espera um superávit orçamentário de 0,5 trilhão de rublos (US$ 8,18 bilhões) neste ano, enquanto o produto interno bruto sofrerá uma contração de 2,0% a 2,5%.
"Guerra necessária"
Putin novamente defendeu a guerra de agressão contra a vizinha Ucrânia como supostamente necessária para proteger a Rússia. "Posso dizer que o principal ganho é o fortalecimento de nossa soberania – e isso é um resultado inevitável do que está acontecendo agora", disse.
Referindo-se à guerra, acrescentou: "Não perdemos nada e não vamos perder nada." Ele rejeitou a acusação de que seu país esteja violando a lei internacional, alegando que o governo ucraniano é um "regime ilegítimo" que chegou ao poder em 2014 após um "golpe".
Ele ainda acusou a Ucrânia de ameaçar a segurança nuclear da Europa ao bombardear a usina nuclear de Zaporíjia. Putin disse confiar no relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que visitou a usina, mas criticou o órgão por não dizer que a Ucrânia foi responsável pelos bombardeios mo local, afirmando que a Rússia não tem equipamento militar naquela central.
Vários representantes de alto escalão de países asiáticos estão participando do fórum econômico em Vladivostok, incluindo um representante da China.
De acordo com as agências de notícias RIA Novosti e Tass, o embaixador russo em Pequim, Andrei Denisov, anunciou que Putin e o líder chinês, Xi Jinping, planejam se encontrar no Uzbequistão na próxima semana. Essa seria a primeira reunião pessoal entre os dois líderes desde a invasão da Ucrânia por tropas russas, em 24 de fevereiro.
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Por DW Brasil / md / ek (Efe, ots)