Inundação causada pelo colapso da represa de Nova Kakhovka deixou destruição e mortos, além de aumentar a tensão na região
O rompimento da barragem de Nova Kakhovka, na região ucraniana de Kherson, controlada pela Rússia, aconteceu no dia 6 deste mês, inundando diversas regiões no sul da Ucrânia, destruindo terras, construções e interrompendo o fornecimento de água para uma grande parte da população. Além de terem suas casas destruídas, muitos cidadãos locais ficaram ilhados sem recursos básicos e um número ainda não levantado pelas autoridades acabou morrendo. Agora, voluntários e oficiais da região trabalham juntos para remover os corpos e resgatar pessoas e animais afetados.
O nível da água, que antes podia cobrir uma residência quase que inteira, abaixou na última semana, permitindo que os moradores afetados circulem pelas ruas, ainda inundadas, atrás de recursos para sobreviver. Segundo o portal oficial da ONU, a organização está realizando operações para ajudar os civis afetados pelo rompimento.
Alguns corpos, molhados e boiando, podem ser encontrados em residências ou vielas, como reportou a Reuters. Nos grupos de Telegram, ucranianos afastados do epicentro do incidente lamentam a situação e oferecem refúgio temporário aos seus compatriotas. "Posso oferecer acomodação gratuita na Polônia para famílias com filhos", dizia uma das mensagens.
Neste mesmo grupo, donos desesperados compartilham fotos de seus animais na esperança de que algum voluntário os tenha visto. Vários estão perdidos, e as equipes de resgate estão levando os que encontram. Alguns bichinhos conseguiram ser identificados e estão na espera de suas famílias, outros aguardam em canis improvisados até segunda ordem.
As autoridades responsáveis por investigar o caso ainda não concluíram se o rompimento foi proposital. Especialistas do escritório de advocacia internacional de direitos humanos (o Global Rights Compliance) relataram que, com base nas evidências disponíveis, há uma alta probabilidade que a destruição da barragem tenha sido causada por explosivos estrategicamente posicionados dentro da estrutura.
"A tragédia pode ter sido um ataque russo", explica o advogado sênior Yousuf Syed Khan, já que a destruição da represa de Nova Kakhovka concedeu à Rússia uma vantagem militar: o rio Dniéper foi alargado em vários quilômetros nas províncias de Dnipro e Kherson.
De qualquer forma,os especialistas também especularam que o incidente pode marcar o início de uma contraofensiva ucraniana. Por agora, os ataques anfíbios conduzidos pela Ucrânia com forças especiais foram suspensos devido às novas dificuldades no terreno.
A vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Maliar, relatou que as melhores unidades russas que estavam defendendo Kherson estão sendo transferidas para Zaporíjia e Donetsk, onde as principais operações contraofensivas da Ucrânia estão ocorrendo.
Segundo a ministra, as tropas da marinha russa, bem como os batalhões aerotransportados e a 49ª armada de infantaria, estão se movendo para o leste. Os fuzileiros navais russos e as unidades aerotransportadas são considerados algumas das melhores divisões do Exército invasor.
As próximas semanas podem ser marcadas por mais tensão entre os países em guerra, e a possibilidade de novas discussões sobre o uso de armamento nuclear preocupa as autoridades. Na última sexta-feira, o presidente russo, Vladmir Putin, voltou a falar sobre o posicionamento armas nucleares táticas em Belarus.
Veja algumas fotos da tragédia
Alexander Ermochenko/Reuters/16.06.2023
Alexander Ermochenko/Reuters/16.06.2023
Alexander Ermochenko/Reuters/16.06.2023
Alexander Ermochenko/Reuters/16.06.2023
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Por R7.