Artefato disparado por Pyongyang falha e cai no mar antes de sobrevoar o arquipélago. EUA e Coreia do Sul condenam disparos e anunciam prorrogação de exercícios militares.
A Coreia do Norte voltou nesta quinta-feira (03/11) a disparar mísseis, que no Japão chegaram a provocar um alerta para que a população procurasse abrigo. Segundo o Exército sul-coreano, um dos lançamentos teria sido de um míssil balístico intercontinental que falhou.
"O Exército da Coreia do Sul detectou hoje o lançamento do que parece ser um míssil balístico de longo alcance (ICBM) da área de Sunan, em Pyongyang, por volta das 7h40 [19h40 da véspera em Brasília] rumo ao Mar do Leste [nome dado nas duas Coreias para o Mar do Japão]", informou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.
A entidade também relatou a detecção de dois "mísseis balísticos de curto alcance lançados para o Mar do Leste a partir da área de Gaechon, na província de Pyongan do Sul, por volta das 8h39 da manhã".
O primeiro disparo ativou o sistema J-Alert do Japão, que foi transmitido nas províncias de Niigata, Yamagata e Miyagi (nordeste). De acordo com o Ministério da Defesa japonês, o míssil não chegou a sobrevoar o país e caiu no Oceano Pacífico.
O ministro da Defesa Yasukazu Hamada afirmou à imprensa que a trajetória do primeiro míssil indicava que passaria sobre o arquipélago, mas que o projétil "desapareceu do radar" ao sobrevoar o Mar do Japão e que está em curso uma análise mais aprofundada. Em outubro, outro teste de Pyongyang também provocou alertas no Japão. O artefato chegou a sobrevoar o país e caiu no mar.
A agência de notícias sul-coreana Yonhap, citando uma fonte militar, indicou que o míssil disparado nesta quinta seria do modelo Hwasong-17, o de origem norte-coreana com maior alcance potencial, e que falhou ao não fazer corretamente a separação na segunda fase de disparo.
Em março, a Coreia do Norte já havia feito um lançamento falho do Hwasong-17, também desde Sunan sob a supervisão do líder do país, Kim Jong-un.
Por volta de uma hora após o lançamento do primeiro míssil, outros dois de curto alcance foram detectados pelo Estado Maior Conjunto sul-coreano. Os projéteis percorreram cerca de 330 quilômetros a uma atura máxima de 70 quilômetros, antes de cair no Mar do Japão.
Comunidade internacional condena lançamentos
O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, classificou como "intolerável" a nova série de disparos norte-coreanos, enquanto o Conselho de Segurança Nacional da Coreia do Sul "condenou com firmeza" os lançamentos, após reunião liderada pelo presidente Yoon Suk-yeol.
O órgão sul-coreano destacou que estas ações violam sanções da ONU contra Pyongyang.
Os Estados Unidos condenaram o lançamento do míssil balístico intercontinental e se pronunciara, por sanções adicionais contra a Coreia do Norte. Em respostas aos lançamentos dos últimos dias, os EUA e a Coreia do Sul anunciaram que vão prorrogar os exercícios militares que deveriam terminar nesta sexta-feira.
Na quarta-feira, a Coreia do Norte já havia lançado pelo menos 23 mísseis de diferentes tipos, um número recorde para o regime de Kim Jong-un em um único dia. Um dos artefatos caiu em águas a apenas 57 quilômetros da costa leste da Coreia do Sul, o que significa que, pela primeira vez na história, um míssil norte-coreano cruzou a fronteira marítima entre os dois países.
Em resposta, caças sul-coreanos dispararam pelo menos três mísseis terra-ar no mar, incluindo um de precisão fabricado nos EUA e que pode atingir alvos a até 270 quilômetros de distância.
Pyongyang alega que a série de disparos visa responder às grandes manobras aéreas realizadas esta semana pela Coreia do Sul e Estados Unidos.
Nos últimos anos, as tensões têm sido constantes na região. Até o final de setembro de 2022, a Coreia do Norte bateu um recorde de disparos de mísseis, com mais de 30 balísticos lançados, incluindo o primeiro míssil intercontinental desde 2017, o Hwasong-12, em 30 de janeiro.
Por DW Brasil/cn/av (EFE, Lusa)