Decisão de Putin e Lukashenko vai contra promessa que Moscou havia feito anteriormente.
O governo de Belarus anunciou neste domingo (20) que os exercícios militares conjuntos com a Rússia continuarão por tempo indeterminado devido ao aumento das tensões na vizinha Ucrânia. As tropas, que estão em território belarusso, deveriam terminar as atividades neste domingo, conforme Vladimir Putin prometeu a Emmanuel Macron no início do mês.
Essa decisão aponta que as tropas russas permanecerão em Belarus, em meio a uma crise com o Ocidente.
Anteriormente, Moscou havia feito uma promessa de que suas forças deixariam este país às portas da União Europeia após a conclusão das manobras que vem sendo realizadas desde 10 de fevereiro.
"Tendo em vista o aumento da atividade militar perto das fronteiras (...) e o agravamento da situação em Donbas, os presidentes de Belarus e da Rússia decidiram continuar as manobras militares", declarou o ministério da Defesa belarusso em sua conta no Telegram neste domingo.
Soldados russos durante treinamento militar em Belarus, em foto divulgada nesta sexta-feira (11). — Foto: Ministério de Defesa da Rússia via AP |
De acordo com Minsk (capital de Belarus), o objetivo das manobras continua sendo "garantir uma resposta adequada e uma desescalada dos preparativos militares que estão sendo realizados por pessoas mal intencionadas perto das fronteiras".
O leste da Ucrânia, onde as forças de Kiev lutam contra os separatistas apoiados por Moscou desde 2014, está sob uma nova onda de tiros, particularmente perigosa devido ao aumento das tensões entre Moscou e o Ocidente, informou a agência de notícias AFP.
A Rússia, apesar de seus anúncios de retirada militar, é acusada de ter reunido 150.000 soldados nas fronteiras ucranianas em vista de uma invasão. Washington garante que Moscou procura um motivo e que a violência no leste pode ser esse pretexto para intervenção.
Imagem de vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa da Rússia na Belarus — Foto: Reprodução/Ministério Defesa Rússia/Via AFP |
Moscou nega qualquer plano nesse sentido, mas pede "garantias" para sua segurança, em particular a promessa de que a Ucrânia nunca ingressará na Otan.
Neste domingo, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse que uma invasão russa viria não apenas do leste, mas também do norte, de Belarus, para "cercar Kiev", a capital ucraniana.
O Kremlin não informou quantos soldados russos estavam participando dos exercícios em Belarus, mas Washington estimou seu número em 30.000.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa de reunião em Moscou com o presidente da França, Emmanuel Macron, em 7 de fevereiro de 2022 — Foto: Sputnik/Kremlin via Reuters |
Segundo a presidência francesa, o presidente russo Vladimir Putin prometeu, durante uma conversa com seu colega francês Emmanuel Macron no início de fevereiro, que as tropas russas se retirariam de Belarus após o fim dos exercícios.
O chefe da diplomacia de Minsk, Vladimir Makei, também garantiu que as tropas russas se retirariam após essas manobras.
Encontro entre Alexander Lukashenko (à direita), Sergei Shoigu (à esquerda) e Viktor Khrenine (ao centro) — Foto: Maxim GUCHEK / AFP |
Em um comunicado, o ministro da Defesa belarusso, Viktor Khrenine, criticou os ocidentais que "se recusam a ver as 'linhas vermelhas' definidas pela Rússia".
Ele estimou que a Europa estava sendo "deliberadamente empurrada para a guerra".
Conversa trilateral
Neste domingo, logo após o anúncio de Belarus, o presidente Emmanuel Macron fez uma ligação para Putin onde falou sobre um possível alívio nas tensões na região leste da Ucrânia.
Após o término da ligação, o governo francês divulgou que o presidente russo aceitou realizar uma conversa trilateral entre Rússia, Ucrânia e membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
O encontro em questão está previsto para acontecer nesta segunda-feira. O governo francês não anunciou se o evento ocorrerá de forma presencial ou à distância.
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Por G1.