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Seu DNA pode ser extraído do ar e isso preocupa especialistas
Sexta, Novembro 01, 2024
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Seu DNA pode ser extraído do ar e isso preocupa especialistas

Pesquisadores descobrem que fragmentos de DNA humano no ambiente podem revelar informações médicas e de ancestralidade

Na última década, pesquisadores da vida selvagem aprimoraram técnicas para recuperar o DNA ambiental, ou eDNA — pequenas quantidades de material genético que todos os seres vivos deixam para trás. No entanto, desde o início, os cientistas têm recuperado grandes quantidades de DNA humano.

Para eles, isso é considerado poluição, uma espécie de captura acidental do genoma humano que prejudica seus dados. Mas e se alguém se propusesse a coletar intencionalmente o eDNA humano?

Como o eDNA é usado

Uma ferramenta poderosa e econômica para ecologistas, o eDNA está presente em todos os lugares — flutuando no ar ou permanecendo em superfícies, até mesmo na água. Cientistas têm conhecimento da existência do DNA ambiental há décadas, mas não acreditavam que pudesse ser usado na identificação de indivíduos, dado seu tamanho diminuto e nível de degradação.

Os pesquisadores têm usado esse método para detectar espécies invasoras antes que elas se estabeleçam, rastrear populações vulneráveis ou secretas de animais selvagens e até mesmo redescobrir espécies consideradas extintas.

A tecnologia de eDNA também é utilizada em sistemas de vigilância de águas residuais para monitorar o Covid e outros patógenos.

O que é possível fazer com o eDNA humano?

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Entre a poeira, pólen e pequenas partículas encontradas no ar, pode estar o DNA humano. Imagem: Ralf Geithe / Shutterstock.com

David Duffy, um geneticista de vida selvagem da Universidade da Flórida, começou a encontrar DNA humano em todos os lugares que olhava enquanto buscava uma maneira melhor de rastrear doenças em tartarugas marinhas.

Em um experimento, ele e seus colegas coletaram uma amostra de água de um riacho e a analisaram usando um sequenciador de nanoporos, capaz de ler trechos mais longos de DNA. Os pesquisadores recuperaram inesperadamente DNA humano legível das amostras.

A análise das amostras limitadas revelou informações sobre ancestralidade genética alinhadas com a composição racial da região. Também foram encontradas mutações-chave associadas a diabetes, problemas cardíacos e doenças oculares.

Os resultados de suas pesquisas, publicados nesta segunda-feira na revista Nature Ecology & Evolution, demonstram que os cientistas podem recuperar informações médicas e genealógicas a partir de fragmentos minúsculos de DNA humano presentes no meio ambiente.

Questões éticas

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Imagem: gopixa / Shutterstock.com

  • A tecnologia baseada em eDNA pode ser usada para vigilância de certos grupos de pessoas, como aquelas com ancestralidade específica ou condições médicas ou deficiências particulares.
  • As implicações de tais usos dependem de quem está utilizando a tecnologia e por quê.
  • A análise de eDNA poderia facilitar o rastreamento genético de minorias étnicas em países como a China, que já realiza um monitoramento genético extensivo e explícito dessas populações.
  • A pesquisa em eDNA levanta questões éticas sobre a identificação de indivíduos e seu potencial uso em investigações criminais.
  • Atualmente, a identificação individual a partir de eDNA não é possível com os métodos usados pelas autoridades de aplicação da lei nos Estados Unidos.
  • No entanto, pesquisadores forenses sugerem que a identificação individual a partir de eDNA já pode ser possível em espaços fechados com menos pessoas.
  • A ciência do eDNA ainda não está madura o suficiente para usos forenses, uma vez que os fundamentos do eDNA ainda não estão completamente compreendidos.
  • A tecnologia de sequenciamento de nanoporos ainda apresenta uma taxa de erro maior do que tecnologias mais antigas.
  • Apesar dos avanços na análise de eDNA, ainda existem limitações e incertezas que precisam ser abordadas antes de seu uso em aplicações forenses.

Éticos forenses e estudiosos do direito afirmam que as descobertas da equipe da Flórida aumentam a urgência de regulamentações abrangentes sobre privacidade genética.

Para os pesquisadores, isso também destaca um desequilíbrio nas regras em torno de tais técnicas nos Estados Unidos. Eles apontam ser mais fácil para as autoridades policiais implantarem uma nova tecnologia incompleta, do que para os pesquisadores científicos obterem aprovação para estudos que confirmem se o sistema realmente funciona.

Erin Murphy, professora de direito na Faculdade de Direito da Universidade de Nova York especialista no uso de novas tecnologias no sistema legal, descreve novas técnicas de coleta de DNA como “irresistíveis” para autoridades policiais.

Isso pode representar dilemas para a preservação da privacidade e das liberdades civis, especialmente à medida que o avanço tecnológico permite a obtenção de mais informações a partir de amostras cada vez menores de eDNA.

Informações genéticas e privacidade

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Imagem: gopixa / Shutterstock.com

  • Comparando a coleta de eDNA humano a outras tecnologias de vigilância, como câmeras de reconhecimento facial, há uma distinção importante.
  • A coleta de DNA não afeta apenas os indivíduos, mas também seus familiares e, em alguns casos, comunidades inteiras.
  • O DNA pode rastrear parentes, descendentes e ancestrais, o que levanta questões sobre a privacidade e o uso futuro dessas informações genéticas.
  • Há um amplo mercado para informações genéticas, desde empresas farmacêuticas desenvolvendo terapias até seguradoras e pesquisadores de saúde pública.
  • No entanto, a falta de definições legais claras sobre o DNA dificulta a proteção do público. Quem é o proprietário dessas informações? É sempre considerado informação médica?
  • Especialistas em bioética e liberdades civis afirmam que o alerta do Dr. Duffy oferece uma oportunidade única para discussões éticas e legais antes que essa nova técnica genética se torne amplamente utilizada.
  • Geralmente, os debates éticos estão sempre um passo atrás, mas, graças aos ecologistas da vida selvagem, agora há uma pequena vantagem para iniciar essas discussões.

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Por Olhar Digital / The New York Times.

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