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Itália sofre com seca extrema. "Os mais velhos nunca viram nada assim"
Sexta, Novembro 01, 2024
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Itália sofre com seca extrema. "Os mais velhos nunca viram nada assim"

A primavera atípica na Europa está a fazer soar os alarmes da seca em vários países. A falta de água em Itália, é já responsável pela mais grave seca dos últimos 70 anos e levou o governo italiano a declarar, no início de julho e até ao final do ano, o estado de emergência em cinco regiões do norte do país.



Duas semanas mais tarde, a ausência de precipitação significativa agravou a situação.

  • Regiões em estado de emergência: Emilia-Romagna, Friuli-Venezia Giulia, Lombardia, Piedmont, Veneto
  • Área corresponde a 42% da população italiana
  • Região responsável por 51% do Produto Interno Bruto italiano

Ao longo de uns 800 quilómetros, as paisagens de três das regiões mais afetadas - Lombardia, Piamoente e Emilia Romagna - testemunham as sequelas de falta de água nos solos.

Arrozais outrora inundados apresentam-se agora secos. Os campos de milho estão parcialmente queimados. Diz quem cultiva as terras que nunca viu nada assim.


Aos 40 anos, também Armando Tamagn, produtor de milho, lamenta a atual situação.

"Às vezes havia escassez de água, mas havia sempre o suficiente para regar. É uma enorme perda económica para os setores agrícola e agroalimentar. E depois, um campo como este devia ser verde, fresco, brilhante. Não amarelo e seco".

Peixes fora de água

A agricultura é o setor mais afetado pela seca, mas não é o único.

Perto de Piacenza, pescadores tentam salvar peixes a agonizar de um ribeiro igualmente moribundo. Cuidadosamente colocam os animais em contentores com água enriquecida com oxigénio e transportaram-nos para rios nas proximidades.

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Pescadores tentam salvar fauna de rios secos em // ItáliaWITNESS/EURONEWS

Nicolas Sivelli, é pescador amador. Num simples passeio de barco pelo rio Pó, mostra o que o calor extremo está a fazer a este, que é o mais longo rio italiano. O nível da água está tão baixo que porções inteiras do leito formam agora lagoas e lagos.

No auge da época balnear, as famílias já não procuram o Pó para atividades ao ar livre. Também as atividades económicas fluviais estão a secar, com os pequenos barcos turísticos atracados ao cais e a plataforma de extração de areia encerrada, porque as embarcações não conseguem circular.

De frente para a bacia do rio, Carlo Verri, proprietário de um restaurante local, lembra como a região mudou desde o tempo em que o estabelecimento pertencia aos seus avós.

"Quando era criança, costumava pescar a partir deste terraço diretamente no rio. A cana chegava à água. Havia muito peixe. Agora, o curso de água está longe daqui. E quase não há peixe".

As autoridades locais, regionais e nacionais estão sob pressão para encontrar soluções.

Meuccio Bersell, diretor-geral da Agência do Rio Pó, revela que, nos últimos 20 anos, esta é já a sexta vez que a região vive uma crise de escassez de água.

Para que haja uma contenção dos danos, enumera algumas das medidas necessárias.

"Precisamos de investir para evitar que isto volte a acontecer. Precisamos de ser capazes de reter água quando chove e de libertá-la quando é necessária. Precisamos também de criar novas estações de tratamento de água, para que a água reciclada possa ser reutilizada pela agricultura. Também precisamos de melhorar as canalizações, porque 40% da água canalizada são desperdiçados. E precisamos de melhorar os sistemas de irrigação, que têm de ser modernizados através de inovação e tecnologia".

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Populações dos Alpes dependem do abastecimento de água potável // WITNESS/EUORNEWS

Mas tudo isto leva tempo e dinheiro, o que vai atrasando uma resposta urgente, quando algumas povoações dependem já de abastecimento de água potável.

Algumas, por incrível que pareça, encontram-se no sopé dos Alpes. Os seus reservatórios estão literalmente vazios e o fornecimento depende dos camiões de distribuição.

Num único dia, uma só aldeia obriga a pelo menos quatro viagens, O processo, repetido dia após dia por Samuel Ifiebgória, é necessário para o quotidiano de muitos habitantes, pois, conforme relembra o responsável pelo abastecimento, "água é vida. Sem água não se pode fazer nada".

Por Euronews.

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