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Desastre no litoral paulista é semelhante à chuva de mil anos na china
Sexta, Novembro 01, 2024
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Desastre no litoral paulista é semelhante à chuva de mil anos na china

Chuva extrema no litoral de São Paulo teve volumes muito semelhantes aos que arrasaram a cidade chinesa de Zhengzhou

O episódio de chuva extrema que atingiu a região do litoral de São Paulo, com os maiores volumes já registrados no Brasil em 24 horas, recorda outro desastre por chuva ocorrido há menos de dois anos na China pelos volumes excepcionais registrados em curto período com consequências desastrosas para a infraestrutura e a população.

Conforme os dados dos pluviômetros digitais do Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres, Cemaden, em 24 horas, entre 9h do sábado (18) e 9h do domingo (19), a chuva somou 680 mm em Bertioga, 626 mm em São Sebastião, 388 mm no Guarujá, 337 mm em Ilhabela, 335 mm em Ubatuba, 234 mm em Caraguatatuba: 234 mm, 225 mm em Santos, 203 mm em Praia Grande e 186 mm em São Vicente.

A precipitação em alguns pontos entre Bertioga e São Sebastião somou até 400 mm ou mais em menos de seis horas. Entre 20h50 e 21h40, o ponto de medição na praia de Guaratuba, em Bertioga, registrou 143 mm. Das 21h50 a 22h40, o pluviômetro acusou mais 130 mm. Ou seja, em duas horas choveu 273 mm. Houve acumulados de até 25 mm, cerca de 10% da média de chuva do mês, em apenas dez minutos.

Embora com causas radicalmente distintas, a severidade do evento de chuva com acumulados tão extremos em curto período assemelha-se muito ao do evento de chuva da cidade chinesa de Zhengzhou, em 2021, um episódio considerado como chuva com tempo de recorrência de mil anos para a climatologia local (leia aqui mais sobre o evento extremo na China).

As fortes chuvas que atingiram a província central de Henan entre 17 e 23 de julho de 2021 deixaram cidades e vilas inundadas. O fornecimento de energia para hospitais falhou, metrôs inundaram, barragens de rios desabaram. Ao menos quinze pessoas morreram afogadas dentro de um vagão do metrô subterrâneo que inundou. A capital da província, Zhengzhou, registrou quase tanta chuva em três dias quanto em um ano normal.


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No dia 20 de julho de 2021, a chuva em uma hora atingiu 202 mm, um recorde nacional para a China. As inundações deixaram 398 pessoas mortas ou desaparecidas e afetaram quase 14 milhões, de acordo com uma investigação do Conselho de Estado. As perdas econômicas diretas atingiram 120,06 bilhões de yuans, cerca de 16,5 bilhões de dólares.

Os registros indicam que a precipitação em toda a província de Henan foi de cerca de 144,7 mm em média, enquanto na cidade de Zhengzhou foi de 458,2 mm em menos de cinco dias em julho de 2021. Em 20 de julho, Zhengzhou experimentou fortes chuvas repentinas. A precipitação pluviométrica de 24 horas foi de 610,5 mm, mas alguns dados indicam até 621 mm, valor pouco inferior aos de pontos de Bertioga e São Sebastião.

A precipitação máxima por hora no Observatório Meteorológico de Zhengzhou foi de 201,9 mm, entre 16h e 17h (hora local) em 20 de julho de 2021, quebrando o recorde de precipitação por hora na China continental. O valor extremo anterior (198,5 mm em 5 de agosto de 1975) foi amplamente excedido para se tornar o maior registro de precipitação em uma hora medido por qualquer estação de observação meteorológica em terra na China.


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A mudança climática causada pelo homem aumentou a quantidade de chuva que caiu durante as inundações de Henan em 2021 em 7,5%, mostrou estudo de especialistas da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade de Pequim.

Os pesquisadores produziram quatro simulações do clima entre 19 e 21 de julho, usando um modelo de pesquisa e previsão do tempo com resolução de 4 km, e publicaram suas descobertas no Science Bulletin, um periódico supervisionado pela Academia Chinesa de Ciências.


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Os pesquisadores simularam as condições de chuva excepcional com e sem mudança climática e concluíram que a mudança climática aumentou as chuvas nas inundações de Henan em 7,5%. Isso foi resultado de mares mais quentes, causando mais evaporação da umidade na atmosfera, que foi soprada para o interior por dois tufões ativos no Noroeste do Oceano Pacífico na época, In-Fa e Cempaka. Em um clima mais quente, as tempestades mais úmidas liberam mais calor latente, resultando em correntes de convecção mais fortes.

O desastre de inundação mais mortal da província de Henan ocorreu em agosto de 1975, quando a instabilidade remanescente do tufão Nina trouxe 1.060 mm de chuva em Linzhuang em 24 horas e 1.606 mm em 72 horas, levando a um efeito dominó com rompimento de 62 barragens. As inundações catastróficas mataram pelo menos 26.000 pessoas, com algumas estimativas de até 240.000 mortos.

A magnitude do desastre foi revelada apenas em meados da década de 1990. A chuva máxima observada durante o tufão Nina foi de 198,5 mm em uma hora em Linzhou, Henan, que é inferior aos 201,9 mm observados em apenas uma hora em Zhengzhou em 20 de julho de 2021.

Por MetSul.

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