Enquanto o mercado tenta se reinventar para não perder turistas, viajantes estudam se vale a pena viajar
Temperaturas recordes estão afetando os planos de viagem de verão ao redor do mundo. Bolsões de calor têm se instalado em várias regiões, causando condições extremas de calor e internações relacionadas a problemas decorrentes das altas temperaturas.
Conforme o The New York Times, na Flórida (EUA), a condição obrigou a assistente social Jacki Barber, 50, a cancelar uma viagem à praia pela primeira vez devido à temperatura da água estar muito alta. “A temperatura estava tipo 32 graus”, afirmou.
Nos acostumamos com furacões arruinando nossos planos, tempestades tropicais e até tempestades ruins. Não me lembro de ter olhado para alguém e dito ‘está muito quente para ir à praia’.
Jacki Barber, assistente social, em entrevista ao The New York Times
- A viagem de verão tem tradicionalmente sido uma atividade popular, independentemente da classe social;
- No entanto, com as condições climáticas cada vez mais perigosas, viajar torna-se mais desafiador e até mesmo impraticável;
- Apesar de desastres e crises climáticas, o turismo global continua crescendo, com aumento previsto no número de chegadas de turistas subindo 30% no ano passado, segundo a Economist Intelligence Unite;
- Já a World Tourism Organization indica que viagens para a Europa alcançou 90% dos níveis anteriores à pandemia.
A indústria do turismo é um setor econômico significativo, contribuindo para o PIB global e para o emprego. Infraestruturas foram construídas em destinos ensolarados populares, tornando difícil a mudança nos padrões de viagem para regiões mais frescas.
No entanto, mudanças estão chegando, com a Comissão Europeia projetando uma migração da demanda do Mediterrâneo para o Norte da Europa devido às altas temperaturas.
Os viajantes já começaram a alterar seus itinerários com base nas condições climáticas. Alguns países estão implementando políticas para redirecionar o turismo para regiões mais frescas durante os meses quentes.
A China, por exemplo, está construindo grandes resorts nas montanhas como parte do programa “destinos de 22 graus”.
As condições climáticas também estão afetando a indústria do turismo, forçando cancelamentos e impactando atividades turísticas e medidas de segurança para os visitantes
Um exemplo é a Torre Eiffel, que, para tentar suprimir o calor de Paris, instalou mangueiras que jorram água acima das cabeças dos visitantes, e estações com água para os que estão na fila, segundo Patrick Branco Ruivo, diretor-geral da Torre.
Atualmente, a indústria de viagens carece de um planejamento unificado e preparação para as mudanças climáticas, com governos locais e voluntários muitas vezes assumindo a responsabilidade. No entanto, há uma necessidade de esforços sincronizados em todos os níveis, potencialmente liderados por empresas com recursos para gerenciar o turismo em larga escala de forma eficaz.
Os dados são de relatório comissionado pela Organização Mundial do Turismo, Programa de Ambiente das Nações Unidas e Organização Meteorológica Mundial, de 2007.
A dissonância cognitiva das viagens de verão em um mundo em aquecimento está se tornando cada vez mais evidente, promovendo discussões sobre a natureza do turismo, seus beneficiários e quem pode participar.
Decisões difíceis precisarão ser tomadas, e os indivíduos podem optar por opções mais confortáveis, como ficar em casa com ar condicionado, em vez de arriscar-se a condições climáticas extremas.
O futuro das viagens e do turismo permanece incerto, mas os desafios impostos pelas mudanças climáticas estão forçando uma reavaliação da indústria e suas práticas.
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Por Olhar Digital.