O diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, alertou a União Européia (UE) para estar preparada para a probabilidade de uma paralisação total das exportações de gás russo no próximo inverno.
“A Europa (sic) deve estar pronta caso o gás russo seja completamente cortado. Quanto mais nos aproximamos do inverno, mais entendemos as intenções da Rússia”, afirmou Birol. Ele pediu aos membros do bloco que ampliem o leque de medidas em preparação para esta situação.
De acordo com Birol, a decisão da Gazprom de cortar 60 por cento do fornecimento de gás que flui através do gasoduto Nord Stream foi “orientada para evitar a Europa encher o armazenamento e aumentar a influência da Rússia nos meses de inverno”. Enquanto isso, a empresa russa de gás natural enfatizou que os cortes são de natureza puramente técnica. (Relacionado: a Gazprom da Rússia cortou os fluxos de gás natural para a Alemanha em 60% – a Europa Ocidental está prestes a ter o pesadelo da “energia verde” que sempre quis .)
A AIE, no entanto, culpou a Rússia de manipular os preços do gás desde o ano passado, quando o custo do gás na Europa atingiu o pico de todos os tempos.
Birol comentou que as medidas de emergência tomadas pelos países europeus nesta semana, como o acionamento de antigas usinas a carvão, foram justificadas pela escala da crise, apesar das preocupações com o aumento das emissões de carbono. Ele acrescentou que o retorno aos combustíveis fósseis será “temporário” para ajudar a conservar o suprimento de gás para a próxima temporada de aquecimento.
“Acredito que haverá mais e mais profundas medidas de demanda [tomadas pelos governos na Europa] à medida que o inverno se aproxima”, afirmou Birol. O chefe da IEA também mencionou a probabilidade de o gás ser racionado.
Alemanha, Áustria, Itália e Holanda declararam seus planos para aumentar o uso de carvão para geração de energia, enquanto Suécia e Dinamarca anunciaram que também iniciariam medidas emergenciais para controlar o uso de gás natural.
No início desta semana, a Rússia declarou que está cortando o fornecimento de gás para cinco países da UE, incluindo a Alemanha – que é o maior importador de energia.
Além da Alemanha, a Rússia já suspendeu as transferências de gás para a Polônia, Bulgária, Dinamarca, Finlândia, França e Holanda. Itália, Áustria, República Tcheca e Eslováquia também estão sofrendo cortes críticos de oferta. Destes, a Alemanha e a Itália foram enormemente atingidas devido à sua dependência máxima do fornecimento de gás russo.
A UE sancionou o petróleo e o carvão russos, mas ficou longe de proibir as importações de gás, atribuível em parte à sua dependência excessiva de suprimentos de Moscou.
Rússia redirecionando exportações de energia para países do BRICS
Com os países ocidentais cortando os laços com o comércio e o petróleo russos, diz-se que a Rússia está no processo de redirecionar suas exportações de energia para nações do grupo BRICS de economias emergentes. O grupo é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A Rússia está tentando estreitar os laços com a Ásia para superar as sanções do Ocidente e substituir os mercados que perdeu na disputa com a UE e os Estados Unidos.
Em um discurso em vídeo aos participantes do Fórum Empresarial do BRICS, o presidente Vladimir Putin disse que a Rússia está falando em expandir a presença de carros chineses no mercado russo juntamente com a abertura de redes de supermercados indianas.
“Por sua vez, a presença da Rússia nos países do BRICS está crescendo. Houve um aumento notável nas exportações de petróleo russo para a China e a Índia”, afirmou Putin.
Com base em dados da Administração Geral de Alfândegas da China, as importações de petróleo bruto da China da Rússia subiram para 55% em relação ao ano anterior para um nível recorde em maio, desalojando a Arábia Saudita como principal fornecedor da China, à medida que as refinarias lucraram com suprimentos com desconto.
Putin acrescentou que a Rússia está desenvolvendo sistemas alternativos para acordos financeiros internacionais em conjunto com seus parceiros do BRICS.
“O Sistema Russo de Mensagens Financeiras está aberto para conexão com os bancos dos países do BRICS. O sistema de pagamento russo MIR está expandindo sua presença. Estamos explorando a possibilidade de criar uma moeda de reserva internacional com base na cesta de moedas do BRICS”, disse.
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Por Naturalnews.
